
Faz pouco tempo que me mudei para essa cabana na floresta.
Cansei do mundo moderno e daquela rotina indigesta.
Agora eu quero apenas a paz do campo.
De vizinhos só ter um bando de pirilampo.
Mas desde a primeira noite que cheguei,
já que havia algo especial nesse mato todo notei.
Ou eu devia estar mesmo muito encalhada e desesperada,
mas tinha certeza que uma voz de homem fazia para mim uma chamada.
Noite após noite, eu ouvia meu nome
e logo pensei que só me faltava estar sofrendo de alguma síndrome,
alucinando só porque eu nunca tinha ficado tanto tempo só,
e achei que minha cabeça estava dando um nó.
Até que tomei coragem
e para o meio do mato fui em uma noite de friagem.
Procurei ansiosa por aquela voz
até que encontrei alguém com quem eu queria estar a sós.
Era outro como eu refugiado
de toda a modernidade, e era bom saber que eu tinha alguém do meu lado,
que logo me mostrou muito mais do que de vizinho um carinho
e logo passei a agradecê-lo por ter vindo ao meu caminho.
Nunca pensei que ia encontrar a paixão no meio desse nada,
e ao redor da fogueira fico ouvindo seu violão e seu canto fascinada.
Acertei na loteria sem saber
e agora, só as arvores cobertas de orvalho nosso amor estão a conhecer.
Por Gisele Portes