Vivendo sem Regras

Eu era toda certinha,
daquelas de acordar cedo, para correr antes do trabalho;
de ir na missa de domingo e de andar na linha,
e apanhava se na minha boca passasse um palavão do tipo “Caralh…!”.

Cresci cobrada para tirar as melhores notas,
com vinte e poucos já tinha me formado e meu próprio negócio.
Mas quando me olhava no espelho eu via uma árvore de anedotas.
Sentia-me ridícula e pensava em dar uma de louca em todo o meu ócio.

Nunca tive coragem, e esse era meu maior segredo,
que cada vez mais se tornava também meu maior carrasco.
Fui vendo que minha vida era um triste enredo.
E mesmo com uma prateleira cheia de troféus, eu olhava para tudo já com asco.

Resolvi então investir
e em pouco tempo eu pude de tudo desistir.
Larguei trabalho e todo o meu mérito
para cair no mundo, sem responder a nenhum inquérito.

De tudo experimentei:
novas culturas, novos costumes, viver sem regras e sem lei.
Mas foi somente em seus braços que enfim encontrei sossego:
a solução perfeita para meu tão machucado ego.

Só com você tirei do meu dicionário a palavra infelicidade.
Você é quem me dá alvará para ser eu mesma.
Somos dois na mesma cumplicidade,
no plano de não ser como os outros tão mortos-vivos ou lesma.

Por Gisele Portes

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