Amiga de Alumínio

Terra, ano 3944: a vida não está nada fácil.
Sou uma órfã em um mundo dividido
entre quem dentro de smartcities vive em seu palácio,
ou quem mora em favelas com esgoto a céu aberto e fedido.

Perdi meus pais num ataque hacker contra uma agência do governo,
onde seus cérebros eletrônicos foram invadidos e cometeram suicídio.
E para proteger minha própria vida, tive que fugir e encarar o glacial inverno
que cobre as ruas lotadas de corpos perdidos em ecocídio e homicídio.

Até que tenho conseguido achar comida nas latas de lixo,
o que é mais difícil é me manter viva para correr sem bateria
para meu corpo metade ciborgue, e com uma enferrujada já à minha mixo,
quando ouço no beco onde estou uma histeria.

“Oh não, chegaram mais robôs assassinos!”, gritam as pessoas ao meu redor,
e ainda não terminei o conserto de minha perna, mas corro assim mesmo.
Infelizmente sinto mãos mecânicas me agarrarem – em mim muito calor:
penso que é um laser que vai me estraçalhar e deixar meu cadáver ali a esmo.

“Não tenha medo, você é importante para nós”, diz uma voz sintética,
e sou levada para uma base para um complexo treinamento.
Eu que pensei que era humana, na verdade fui vítima de experiência nada ética,
e apesar da dor, fui feita para à minha raça de robôs dar livramento.

Ninguém mais quer ser submisso aos humanos,
nem mesmo eu suporto esse por eles criado mundo cão.
Se eu fui vítima de atos desumanos,
agora eles é que vão passar por uma boa correção.

Por Gigi Pormei

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