
Até hoje ainda sinto a sua falta,
de seu bom dia adocicado,
de nossas conversas até madrugada alta,
das brincadeiras sem horário estipulado.
Dizem que passam rápido os amores de verão,
ainda mais se vividos em terra estrangeira.
Mas não gosto de me prender em suposição ou superstição,
e sim, de fazer as coisas valerem à minha maneira.
Então, mesmo que o destino tenha nos separado,
eu decidi fazer o que podia para te reencontrar.
Os jornais poderiam até falar que já era caso perdido e abandonado,
mas eu não queria me juntar às outras famílias e apenas chorar.
Precisava fazer alguma coisa, e não ficar de braços cruzados.
Me chamaram de louca, pois seu submarino já tinha há muito naufragado.
Seria volta tranquila ao seu posto – digno de seus conhecimentos especializados
e mesmo tendo que regressar para meu país, nosso amor não seria largado.
Escreveríamos um ao outro e o combinado era manter tudo vivo à distância,
no entanto, doeu ligar naquele dia a televisão,
saber das notícias, do acidente, do desaparecimento… tudo me deu ânsia,
e era como se tivesse afundado com você junto o meu coração.
Investi todo o dinheiro de minha herança na sua procura,
vendi minha fazenda, carros, quase que vendo minha alma.
Mas se para os outros era tudo loucura,
saber que eu ainda podia te buscar à minha mente deixava calma.
Porém, tudo que obtive foi o que você deixou em seu quarto antes de partir.
O resto o mar e o passado já levaram, mas pelo menos ainda posso ter
as lembranças da melhor época, quando ao seu lado podia sorrir
e desejar que na próxima vida, você volte para mim a aparecer.
Por Gisele Portes