Ajuda Inesperada

Fazia vários dias que eu estava vagando pela neve,
perdida e com uma mochila nada leve,
e ao sentir minhas pernas fraquejando,
acabei caindo, cansada e arfando.

Precisava levar a mensagem até o rei
de que o povo do norte não seria mais obediente à sua lei.
Eu mesma tive minha casa queimada,
e sabia que só podia ir em frente, pois não me restava mais nada.

Todos meus amigos e meu noivo tinham sido convocados para a guerra,
e eu já enfrentava uma solidão jamais vista em minha terra.
Só que ninguém esperava que tal terror chegasse à capital,
e coube a mim alertar o rei sobre o iminente e destruidor mal.

Porém, eu não me sentia mais capaz de continuar em minha jornada,
e sem água e sem novos alimentos, via-me já finada,
quando ouvi uns latidos e pensei que seria devorada,
mas me surpreendi com pares de olhos azuis em pelugem esbranquiçada.

Ao invés de mordidas, levei amigável lambida,
e por sorte o cão carregava um pequeno barril com dos deuses bebida.
Além de me pôr novamente em pé, ele foi à frente me guiando,
e sem nem ao menos saber, acabou me motivando.

Sem me pedir nada em troca, ofereceu-me sua prestativa amizade
e intensa lealdade, salvando-me de uma matilha de lobos e sua ferocidade.
Assim, após ter minha confiança renovada,
enfim pude junto com meu amigo na corte ser recepcionada.

Ainda bem que o rei reconheceu a urgência que sobre o reino se abatia,
e determinou que os exércitos se movessem em batalha sangrenta de dia
e em vigília constante à noite, até que enfim se pôde a vitória definir,
e rapidamente, os sobreviventes puderem voltar a rir.

Sem dúvida há males que vêm para o bem,
e apesar do horror da guerra, e ter ficado sem ninguém,
pude encontrar em um amigo inesperado
a ajuda que salvou minha terra e seu reinado.

Por Gisele Portes

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