
Pensar em você já virou minha obsessão.
Não consigo te tirar da minha mente.
Já levanto pela manhã e bebo o café e você simultaneamente,
buscando na tela o que a cadeira ao lado ainda tem não.
Mas espero logo mudar essa situação
e penso que seu silêncio é porque você andou tão ocupado,
que ainda não teve tempo de ver meu recado.
Então, volto a te convidar para mais uma noite de emoção.
No banho para o trabalho ao invés de pensar no relatório,
fico pensando em nosso fim de semana,
chateada de esperar o próximo – o que é de obrigação desumana:
ou largo o emprego e vou para sua cidade, ou para meu velório.
De repente o celular toca, e meu coração dispara.
Nem consigo me vestir direito e já corro com a mão até molhada
deslizando atrás de sua resposta, com quase uma cardíaca parada.
“Você é igual chiclete na sola de meu sapato. Garota, vê se para!”
Rio, pensando que é um mau humor sem importância,
ou mesmo uma piada sem graça.
Falo que não é grude; é amor, mas logo caio na desgraça.
É a outra quem atende e me diz que já perdi sua relevância.
Hoje, após uma década disso tudo,
nem olhando para as fotos daquela época, me reconheço.
“Pode jogar”, aviso a faxineira, pois carregar dor eu não mereço.
Já me reformei e agora, a casa – palco que viu minha loucura mudo.
Pelo menos eu aprendi o que você queria dizer com sua grosseria
e hoje desfruto do desapego, da paz e da tranquilidade
e levo meu novo relacionamento sem prisão e nem ansiedade.
Então olho o passado no lixo, curtindo meu chiclete com alegria.
Por Gisele Portes