
Em suas mãos virei mel vencido de doçura amarga.
Foi você que passou a borracha no sorriso bonito
de quem corria em seu jardim de rosas negras, sem da sobrecarga
saber que um lindo romance viraria – outro do passado mito.
Lembranças e memórias nem sempre ajudam.
Há coisas que devem ficar nos braços do passado enternecidos.
Mas você foi meu divisor de águas – águas que ainda me afundam
em dúvidas do que eu sou.. do que serei… do que tenho sido.
Eu era seu ursinho de pelúcia mais querido,
sua bonequinha mais enfeitada.
Até que percebi que fui apenas seu brinquedo partido.
E a caixinha de música de nosso amor ficou desafinada.
Mas como bailarina que precisa voltar para o palco
porque o brilho de sua vida está no holofote,
eu preciso me livrar desse orgulho ferido que eu mesma recalco
e me dar outra chance, parando de me sabotar e de me dar boicote.
Pois não é porque não deu certo uma vez,
que todo o meu presente e futuro têm que ser iguais ao que já foi.
Sempre há outro dia, outro mês
para deixar de se olhar para baixo e tentar um novo oi.
Por Gisele Portes