
De você só resta esse gosto azedo
de seus beijos apodrecidos;
de nosso romance que nunca foi um bom enredo,
e do dia que te enchi de balas sob gritos ensandecidos.
Era o certo a ser feito?
A última pá de terra me disse que sim.
Pude voltar para nosso lar perfeito,
porque eu não tinha mais você na nossa cama enfim.
No meio de todas as suas coisas que doei para algum necessitado,
é uma pena que eu não pude jogar no caminhão de lixo a memória.
Quem me dera também poder ter deixado ali no meio meu coração embalado.
Odeio cada dia com você vivido; é na solidão que acho minha glória.
A polícia acreditou na história de seu suicídio,
só que custei de meus olhos também tudo apagar.
No mesmo rio que te joguei, prometi deixar nosso dissídio.
Você agora vai com os fantasmas do além berrar.
Por Gisele Portes