
Que turbilhão de sangue é esse a escorrer
de meus olhos, da luz já obscurecidos?
Onde poderei estas lágrimas torrenciais esconder,
para que todos os julgamentos de sua ação sejam confundidos?
Mas se eu esta angústia enterrar,
lá ela também vai chorar.
E se eu tentar esse desespero mergulhar,
lá ele também vai todo o oceano ensanguentar.
Duro é saber que só o tempo foi testemunha
do quanto que eu fui trouxa.
Horas perdidas acreditando na ilusão que você me expunha.
Hoje, minha fé em mim mesma está frouxa.
Mas se eu nunca beber do cálice de meu próprio perdão,
jamais vou escalar de volta o abismo desse sofrimento.
Vergonhas vermelhas sempre minha estrada sinalizar irão,
mas o importante é caminhar, nem que seja pelo acostamento.
Por Gisele Portes