Analgésico

Me pergunto se algum dia vai haver analgésico
o suficiente para esta dor infinita
que à minha alma rasga de modo sinestésico,
misturando meus sentidos em tragédia cheia de incógnita.

Nem o exército mais sanguinário
que pela Terra já espalhou sua morte e pestilência,
pôde matar e destruir como suas palavras, em escala que imaginário
nenhum poderia sequer descrever e medir com correta eficiência.

Por trás de sua doçura falsa
o pior mal já visto.
A dançar da morte a valsa
sobre meu erro disso tudo nada ter previsto.

Sua maldade é sua dourada coroa.
Seu cetro feito dos sonhos roubados de seus torturados,
brilha incendiando meu ânimo que explode em garoa
de sangue que só serve para deixar seus sapatos lustrados.

Fui rainha em um castelo de mentira,
e como acompanhantes para de mim cuidar,
você só deixou a Senhora Desilusão e a Madame Sátira,
ambas de minha desgraça para sempre a gargalhar.

Mas vou arrancar de mim essa de terror tatuagem,
que você tentou em meu espírito eternamente gravar.
Nem que eu tenha que cruzar todo o mundo em uma de cura viagem,
vou o remédio para esse tumor que foi te conhecer encontrar.

Por Gisele Portes

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