
Só meu pequeno diário sabe quem eu sou.
Lá fora parece que quanto mais falso, mais se é aclamado.
Todavia, essas folhas são o único abraço sincero que me restou,
aqui posso falar os segredos jamais contados.
Cada linha uma genuinidade mais profunda.
Pontuações sem hipocrisia.
Vírgulas e pontos-finais expurgando minha alma imunda,
que ainda assim, sai mais limpa do que a de quem vive em anestesia.
Mas quando acabo e tranco tudo com cadeado,
preciso vestir a armadura da falsidade se quiser sobreviver.
O mundo não é gentil com quem está com a verdade sintonizado.
Mas prefiro morrer pelo real – meu sangue com minhas palavras a escorrer.
Por Gisele Portes