Sem Lubrificante

A vida para mim sempre foi sem lubrificante.
Dura, crua e profunda – nunca esquecível.
Sem nada para amenizar, sem adoçante.
Toda busca por ajuda é uma busca em vão e sofrível.

Se para os outros adianta acender vela e rezar,
eu já abandonei faz tempo o caminho dos santos.
A sombra tem sido meu aconchegante lar.
Fé despedaçada por todos os cantos.

Tive que trocar o álcool pelos florais.
Cansei de ter você em minha cama,
mas fazer mesmo é com meus demônios os bacanais.
Antes a paz me ligava, agora não manda nem telegrama.

Há também quem ache sua solução na bala ou no calmante,
porém se eu fugir, mais que o tormento estará onde quer que eu vá.
Talvez eu só precise aceitar este destino extenuante
e me casar com a dor, a seco e sem blá-blá-blá.

Por Gisele Portes

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