O Laço

Quantas oportunidades perdidas
por falta de coragem de lançar o laço.
Quantos desejos reprimidos? Quantas vontades não assumidas?
O sentimento de realizar ainda algo cada vez mais escasso.

O cavalo selado não passa duas vezes,
e justo quando o vi, minhas pernas travaram sem o montar.
Anos somente sonhando, planos só no papel, em branco vários meses.
Apenas o sentimento da espera perpétua a me devorar.

Na frente do espelho, no fundo dos meus olhos busco
a autoestima que de mim a vida sequestrou.
A acho amarrada e escondida em quarto escuro, e grito de modo brusco
pedindo que volte até que sinto o calor de que ela retornou.

Pego a corda de novo: se ninguém me autoriza,
eu que vou me dar a permissão de fazer o que tem que ser feito.
Quem só segue a opinião dos outros a si mesmo desvaloriza.
Prefiro ter um pouco em minhas mãos a só imaginar o inatingível perfeito.

Por Gisele Portes

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