
Nesse deserto existencial e infindável só mais miragens.
Nenhuma novidade, a cada caminhada outra frustração.
As tão sonhadas águas são em minha mente simples paisagens:
o futuro escorrendo como pó por entre meus dedos sem emoção.
Há muito tempo não vejo nenhum povoado,
de companhia apenas os fantasmas de um passado distante.
Saudade daquela infância, com meu espírito ainda inundado
por esperanças que se revelaram apenas uma ilusão decepcionante.
De repente no topo de um monte vejo um clarão.
E depois de tanto desânimo e quebrar a cara,
é difícil nutrir ainda alguma empolgação.
Mas subo, desejando paz que há muito eu procurara.
Porém, no topo vejo que era outra promessa não cumprida.
De novo volto a duvidar de meu próprio juízo e visão.
E choro, nunca me sentindo tão só e perdida,
até que uma luz negra saindo de mim cobre do deserto toda a extensão.
Percebo então que eu era a luz
que faltava para acabar com toda essa escuridão.
A enganação da andarilha se desfaz e sou a estrela que mais reluz,
sendo a fonte que a todos sacia e livra de sua sofridão.
Por Gisele Portes