Ao Relento

Você jogou meu amor no relento.
Atirou meus sentimentos na lata de lixo.
E sumiu no horizonte, com fumaça no escapamento.
Meu coração corroído pelo de nunca mais ter amor bicho.

Tantas casas, tantos prédios ao meu redor,
contudo, só o abandono sendo meu acompanhante.
Se apaixonar desse jeito é saltar sem paraquedas, sem amortecedor.
Procurei seu apoio, encontrei um oceano de vazio horripilante.

Na noite fria, tendo só minha rejeição como cobertor.
Paguei o preço de querer me alimentar só de afeto estrangeiro.
Não criei um lugar; todos se trancam como se eu fosse o próprio terror,
buscando-os para levar junto ao inferno, empurrando-os lá em atoleiro.

Mas se todos querem me virar as costas,
não importa se só me resta o frio, cinza e fogueira.
Vou juntar o que me resta, lamber as feridas expostas
e achar minha cura após vomitar essa dor da qual fui hospedeira.

Por Gisele Portes

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