Olho do Furacão

Eu era a única que queria olhar no olho do furacão.
Aquela foi uma noite de brutal ventania.
Os telhados e todas as vaidades voaram para além do chão.
Eu saí, enquanto os outros estavam no porão de sua angústia.

Deixei o vento que todos temiam me envolver.
Enfim realizei meu sonho infantil de voar.
Lá dentro a paz não me estraçalhou – todos diziam que eu ia morrer.
Algo mais forte do que minha mente confusa consegui encontrar.

Sempre fui varrida por emoções que me desabrigaram de equilíbrio.
Sempre fui inundada por tempestades de problemas.
Eu mesma fui por muito tempo vulcão, explodindo em fracasso ordinário.
Esperei tanto por um apocalipse que também me desligasse desse sistema.

Mas quando a tudo cobriu o nada,
é que pude sentir o orgasmo de minha mente em silêncio.
Toda as estruturas foram para o saco; adeus regra danada.
Precisei que tudo acabasse para achar o sossego vitalício.

Por Gisele Portes

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