
Suas palavras são mais perigosas que puxado gatilho.
Frases que podem perfurar minha confiança feito bala
e alvejar minha autoestima sem o menor empecilho.
Tiro que à minha força de me defender cala.
Morta diante de seus dizeres.
Pisoteada pelas botas de seu verbo.
Silêncio grita em mim; mente em branco, sem caracteres.
Vejo meus argumentos mudos diante de seu modo soberbo.
Quem te coroou o rei da verdade absoluta?
Quem pode escapar do rigor de sua sentença?
Ninguém ou nada é perfeito, se quiser sua aceitação que entre na luta.
Anos se passaram, mas dorme em mim essa história e antiga crença.
E toda vez que vejo alguém no cinema ou televisão,
que ando pela cidade e algo me faz daquilo tudo me lembrar,
seu vulto retorna à minha memória e o colapso toma ação,
e é difícil não tremer de novo, não mais uma vez me prostrar.
Só me resta agora achar um remédio ou algo na medicina,
e passo dia e noite trabalhando em laboratório,
tentando matar essas lembranças com fórmula eficiente e assassina
e apagar de mim as marcas desse maldito palavrório.
Por Gisele Portes