
Leia enquanto acompanha o aúdio da poesia:
Primeiro tentaram me envenenar.
Depois me cercaram e fui esfaqueada.
Vi meu sangue escorrer até minha visão fechar.
E ao fundo vocês comemorando com gargalhada.
Acharam mesmo que iam tão fácil me vencer?
Apostaram tanto assim na minha fraqueza?
Minha vingança renascida me levanta ao amanhecer.
É a volta dos mortos-vivos: essa é a minha proeza.
Em guias e entidades encontrei amizade verdadeira.
Me ensinaram a tornar toda a minha tristeza e angústia
em força para fazer valer minha reconquista certeira.
Sintam a devolução do que me fizeram na sua carne em fatia.
Vocês dançaram em cima do meu cadáver.
Meu dente arranca de todo esse abuso o pé.
Desmembrados aos outros enquanto dilacero estão a ver.
Na morte encontro meu capricho e nova fé.
Ninguém mais vai sobre meu túmulo sapatear.
Faço um colar com os ossos de meus inimigos.
Sou grata à dor física que me fez o invísivel apreciar.
Longe de mim os mentirosos, quero só almas boas comigo.
Por Gisele Portes