
Leia enquanto acompanha o aúdio da Poesia:
Não tente fugir — é impossível.
Eles estão de novo atrás de mim.
Identidade trocada, um viver imperceptível.
Me anulei, não cresce mais semente em meu jardim.
Fiz de tudo para não chamar atenção.
Mesmo assim, sou um ímã que atrai oponentes.
Meu pai deixou um rastro de destruição
e os outros ampliaram o mal como se a ele concorrentes.
Para ver quem me afunda mais há uma competição.
Corro pelas ruas e se abrem buracos.
Choro em um canto, ouvindo os pneus em minha perseguição.
Para quem nunca teve importância, deixem em paz meu ego já fraco.
Quanto mais merda jogam sobre mim, mais vou escavar.
Sei que saio sempre ensanguentada.
E que o cheiro do meu sangue aos lobos está a atiçar.
Mas vocês não verão minha coragem afugentada.
Por Gisele Portes