
Leia enquanto acompanha o aúdio da Poesia:
Perdi meu comando.
Invasão, penetração, ruptura.
Você não é bênção, cansei do seu desmando.
Meu corpo não é terreno baldio, muro sem pintura.
É hora de judiar.
Sei que você quer meu mal.
Meus segredos mais vergonhosos a expurgar
em praça pública diante de alegria alheia bestial.
Escuto lá fora gritando minha cavalaria.
Cavalos se tornando mera carne moída.
Homens virando passado sem a menor honraria.
Meu prejuízo e declínio causa aos outros situação dolorida.
Mas também rio com minhas próprias perversidades.
Meus atos de crueldade são loja de doce para uma criança.
Você quer me consumir como fogo com sua voracidade.
Só que sua língua agora vai sentir o gosto de minha lança.
Por Gisele Portes