Moléstia [Poesia]

Leia com o aúdio da Poesia!

Nenhum morador sabia explicar.
Mas como uma praga vinda do subsolo
desconhecido, algo trouxe desconsolo:
um terror doente a todos matar.

Tudo que construímos virando poeira.
Amores perdidos que não podem mais voltar.
Tire de minha carne esse desespero a me torturar.
O desejo de abreviar a dor em uma cachoeira.

Porém, um médico forasteiro apareceu.
Nas janelas, violetas para os mortos.
Pisando entre velhos caídos e natimortos.
O remédio certo que a desgraça venceu.

Muitos duvidaram de seus métodos.
Chacota, desconfiança até ser ressuscitado do rei o filho.
Moléstia paralisada em seu de desgraça trilho.
“Que remédio ele trouxe?”, se perguntavam todos.

Mas assim como a desolação o médico se foi.
Um lampejo de milagre que surge
quando a falta de fé ruge.
Na memória do vilarejo para sempre o sem rosto herói.

Por Gisele Portes

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