
[Leia com o Aúdio da Poesia!]
Outra sopa rala, só caldo no meu prato.
Estiagem, seca, mais um dia para mim nublado
e para os meus inimigos sol e banquete farto.
Não suporto mais só ficar com o cheiro do assado.
Raposa apetitosa não cai em qualquer armadilha.
Frio, poucos recursos, só sei que tenho que ir em frente.
Abaixo de olhar matador, barriga ronca com pandilha.
Mira de sniper, treino pesado, olhe na poça de sangue indiferente.
Você me fareja e sempre me ronda.
Atrás dos arbustos estuda meus hábitos.
Instinto de caça penetrante como sonda.
Pegue seu binóculo, prepare a arma, faça o abate súbito.
Pare de oferecer espeto para quem morre de fome.
Sou a última de toda uma espécie, não caibo em sua gaiola.
Não preciso de migalhas, cansei de fugir do medo que me consome.
Vou encarar também, tudo fica mais fácil após a primeira degola.
Por Gisele Portes