
[Leia com o Aúdio da Poesia!]
Cidade parada por uma explosão.
Sem tempo para apego e algo pegar.
Da família levada pela carbonização
só um retrato sobrou para eu me lembrar.
Bolsa com pouca comida, carro com pouca gasolina.
Espero que não seja longa demais essa viagem.
Fuga na calada da noite, pura adrenalina.
Tudo deixado para trás em coberta pelo caos paisagem.
Racionamento, vivendo como animal selvagem.
Solidão extrema, reaprendendo do que sou capaz.
Calculando o que restou, nervos de aço, teste de coragem.
Tornando o medo da morte de me atingir incapaz.
Por Gisele Portes