Vamos continuar a nossa série que iniciei neste post sobre como muito da obra musical polêmica de Marilyn Manson sinaliza para assuntos de ficção científica.
Hoje vamos debater a música Great Big White World (“Grande Mundo Branco”, tradução literal) e suas assustadoras menções sobre a teoria Gray Goo.
Fuga de um Planeta em Colapso
Como a primeira faixa do álbum Mechanical Animals, lançado em 15 de setembro de 1998, os versos de abertura já nos apresentam um mundo em colapso:
In space the stars are no nearer
They just glitter like a morgue
And I dreamed I was a spaceman
Burned like a moth in a flame
And our world was so fucking gone
Aqui, somos transportados para dentro da visão de um astronauta que se distancia da Terra, já condenada por uma vasta praga digital.
A ciência há muitos anos debate seriamente sobre se é possível os seres humanos migrarem da Terra e irem para outro planeta. Em uma situação de emergência de amplo colapso global e com os avanços da tecnologia que podem pôr em risco completo a nossa sobrevivência, isso soa como uma fuga desejável.
Por esse motivo, astrônomos pesquisam exoplanetas em busca de algum mundo tão habitável quanto a Terra. Porém, nossa tecnologia é limitada e só para ir até a estrela mais perto da Terra, a Próxima Centauri, levaríamos mais de 6 mil anos.
Solos Inutilizados
Manson prossegue nas próximas estrofes:
But I’m not attached to your world
Nothing heals and nothing grows
‘Cause it’s a great big white world
And we are drained of our colors
We used to love ourselves
We used to love one another
Um mundo onde nada cresce, também é um mundo com solo completamente inutilizado.
A poluição e falta de técnicas de sustentabilidade já degradaram até 2016, 30% do solo cultivável do mundo, conforme estudos da ONU e Embrapa.
E se isso já significa menos comida em nosso prato devido aos preços para cultivo e distribuição comprometidos, há algo pior.
Marilyn Manson e o Cenário Gray Goo – A Teoria
All my stitches itch
My prescription’s low, I wish you
Were queen
Just for today
In a world so white what else could I say?
And hell was so cold
All the vases are so broken
And the roses tear our hands all open
Mother Mary miscarry
But we pray just like insects
The world is so ugly now
Os dois trechos acima se referem diretamente à Teoria do Gray Goo.
O termo surgiu pela primeira vez no livro Engines of Creation, publicado em 1986, de Eric Drexler, pioneiro na pesquisa nanotecnológica. “Gray goo” ( ou ainda “nanorrobôs devoradores” ou “ecofagia”), é um conceito especulativo na nanotecnologia e ficção científica que descreve uma situação catastrófica com nanorrobôs autoreplicantes.
A premissa central do cenário “gray goo” refere-se a nanorrobôs que se auto-replicam e executam tarefas específicas, como a limpeza de poluentes ambientais ou a cura de doenças. Contudo, se perderem o controle da replicação, haverá a reprodução descontrolada e consumo de toda a matéria ao redor, para criarem cópias de si mesmos.
O termo “gray goo” deriva do fato de que, na pior das hipóteses, o resultado final desse processo descontrolado seria uma massa amorfa e cinza de nanorrobôs, que consumiram todos os recursos disponíveis. Dessa forma, só sobraria um ambiente estéril e inabitável para outras formas de vida.
Portanto, existe um paralelo entre a música de Marilyn Manson “Great Big White World”, com essa possibilidade de apocalipse da ciência. Ainda que encontremos outras interpretações sobre depressão e por isso a sensação de vazio branco que a letra nos transmite, o que é mais deprimente do que nosso mundo todo soterrado por nanorrobôs?
Gostaria muito de ouvir a sua opinião! Você já ouviu essa teoria? Até a próxima com a continuação dessa análise!
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Grey_goo
https://exame.com/ciencia/9-ameacas-que-podem-destruir-a-humanidade/